Resultados de uma pesquisa demonstraram que pacientes que tiveram covid-19, mesmo em casos leves, podem ter uma redução crônica na vasorreatividade cerebral em comparação com pessoas que nunca sofreram a doença. O estudo realizou a comparação entre 15 indivíduos com infecção prévia pelo SARS-CoV-2 (11 mulheres e 4 homens; média de idade de 43 anos) e outros 10 que nunca foram infectados, sendo 8 mulheres e 2 homens; com idade média de 43 anos.
De acordo com o primeiro autor do trabalho, Dr. Andrew Callen, médico e professor assistente de radiologia da seção de neurorradiologia da University of Colorado School of Medicine (EUA), quando na fase aguda, o SARS-CoV-2 está relacionado a acidentes vasculares cerebrais, indicando inflamação vascular e tromboembolismo. Também nessa fase da doença, apresentaram-se sinais e sintomas neurológicos que não estão conectados a outros diagnósticos, tais como cefaleia, dificuldade de concentração, alterações na visão, desequilíbrio e fadiga.
Todos os indivíduos previamente infectados – 3 em condição grave e 12 com ocorrência leve – passaram por avaliação, cerca de oito meses após a infecção. Sete pessoas deste grupo apresentavam diversos sinais e sintomas neurológicos pós-covid-19, como cefaleia, comprometimento da memória, insônia, depressão, desequilíbrio, fadiga, mudança de personalidade, fantosmia, disgeusia e zumbido. Outro aspecto revelado foi o fluxo sanguíneo cerebral aumentado nos participantes sem histórico de infecção pelo vírus e a vasorreatividade reduzida naqueles previamente infectados em comparação com os nunca infectados.
Cada paciente foi submetido à ressonância magnética (RM) e imagem da parede do vaso, com a inclusão da imagem de perfusão sob técnica de rotulagem de rotação arterial com estímulo de acetazolamida, com o objetivo de medir o fluxo sanguíneo cerebral e calcular a reatividade cerebrovascular. De acordo com a equipe de pesquisadores, a técnica da imagem da parede do vaso é indicada para detectar e caracterizar a inflamação vascular arterial, possibilitando, assim, que se diferencie a patologia arterial vasculítica da patologia aterosclerótica. Foi utilizada uma sequência tridimensional ponderada em T1 com captação de contraste com técnica de sangue escuro em todos os exames de imagem da parede do vaso.
De acordo com o realizador dos estudos, as descobertas tem peso significativo, mas incitam a necessidade de haver pesquisas complementares, já que as análises foram realizadas com 25 participantes, uma amostra relativamente pequena. Para ele, esse primeiro passo é fundamental para estimular outros médicos a buscarem métodos preventivos de saúde neurovascular e cardiovascular, além de promover o acompanhamento constante desta população de pacientes.
Texto adaptado da matéria “Mesmo a covid-19 leve está associada a comprometimento vascular”, publicada no portal de notícias médicas Medscape. Yasgur, B.S. Mesmo a covid-19 leve está associada a comprometimento vascular. Medscape, 2022. Disponível em: https://portugues.medscape.com/verartigo/6508603#vp_1 Acesso em: 11.01.23.
GileadPro: BR-UNB-0504