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HIV e HCV

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Os riscos cardiovasculares em pacientes coinfectados por HIV e HCV

Mesmo com os avanços notáveis no tratamento do HIV, estudos têm demonstrado que as pessoas que vivem com HIV (PVHIV) ainda enfrentam um alto risco de desenvolver doenças cardiovasculares (DCV), com taxas que variam de 50% a 75% em comparação com indivíduos sem essa infecção viral. A relação entre a hepatite C e o risco de DCV ainda é incerta, com pesquisas apresentando resultados contraditórios, alguns indicando aumento do risco e outros não encontrando associação clara.

Nesse cenário, pode-se considerar que há um conhecimento ainda escasso quanto ao risco de DCV em PVHIV coinfectadas com hepatite C, embora essa condição seja muito comum na prática clínica, afetando entre 10% e 30% dos casos. Essa realidade conduziu a um estudo recente que teve como objetivo identificar se a coinfecção pelo vírus da hepatite C (HCV) pode ser um fator de aumento no risco de infarto agudo do miocárdio tipo 1 (MIT1) em PVHIV e se esse risco varia de acordo com a faixa etária.

Com o propósito de efetuar a investigação, os pesquisadores utilizaram dados de uma grande pesquisa colaborativa, a “North American AIDS Cohort Collaboration on Research and Design” (NA-ACCORD), que incluiu pessoas vivendo com HIV, entre as idades de 40 a 79 anos, e sob tratamento antirretroviral contínuo.

Dos 23.361 pacientes inclusos no estudo, 4.677 tinham coinfecção pelo HCV. No grupo de coinfectados, 23% eram mulheres, 47% eram negros não hispânicos, 53% eram usuários de drogas injetáveis, 36% tinham histórico de abuso de álcool ou outra dependência química, 8% eram diabéticos, 60% tinham anemia, 29% tinham histórico de doença definidora de AIDS, 65% usavam inibidores de protease e 35% tinham carga viral do HIV não suprimida (> 200 cópias/mL) no começo do estudo.

Os resultados deste estudo mostraram que ter uma coinfecção com HCV não aumentou o risco de MIT1 (evento cardiovascular) (risco relativo de 0,98 com intervalo de confiança de 95% de 0,74 a 1,3). No entanto, foi observado que o risco de MIT1 aumentou com a idade e foi ainda maior nos pacientes coinfectados (risco relativo de 1,30 com intervalo de confiança de 95% de 1,13 a 1,5).

Diante disso, conclui-se também que o envelhecimento é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares, e que pessoas vivendo com HIV têm um maior risco de desenvolver comorbidades relacionadas à idade em uma idade mais precoce, que têm se tornado uma das principais causas de hospitalização e morte em pessoas vivendo com HIV nos países ocidentais.

Portanto, é essencial manter a terapia antirretroviral de forma contínua e adotar estratégias para diminuir o risco de DCV. Além disso, deve-se considerar o início precoce do tratamento para hepatite C, pois isso pode ajudar a reduzir a inflamação crônica, que contribui ainda mais como um fator de risco. É fundamental cuidar da saúde de forma abrangente e integrada, levando em consideração os diversos fatores de risco associados ao envelhecimento e à coinfecção por HIV e HCV.

Texto adaptado do artigo “O impacto da coinfecção HIV x HCV no risco cardiovascular”, publicado no Portal PebMed.
Disponível em: https://pebmed.com.br/o-impacto-da-coinfeccao-hiv-x-hcv-no-risco-cardiovascular/

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