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HIV e Hepatite B

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Coinfecção de Hepatite D em Pacientes com HIV e Hepatite B: Resultados de um Estudo de Coorte

Aproximadamente metade das pessoas que vivem com HIV e hepatite B (HBV) com histórico de uso de drogas injetáveis apresentam coinfecção por hepatite delta, um vírus que depende da hepatite B para se reproduzir e que resulta em complicações hepáticas mais graves, segundo análise realizada em indivíduos vivendo com HIV na Europa. De acordo com o estudo publicado na revista HIV Medicine, o percentual de hepatite delta em outros grupos de pessoas com a Síndrome da imunodeficiência adquirida foram semelhantes aos da população em geral.

A hepatite delta, também conhecida como hepatite D, é uma forma de hepatite causada por um vírus defeituoso que requer a presença do HBV para se replicar, e utiliza as proteínas do antígeno de superfície do tipo B para montar novas partículas virais. Visto que o antígeno da hepatite B é difícil de ser eliminado com os tratamentos antivirais já utilizados para a doença, uma nova abordagem para o tratamento do tipo delta tem se mostrado promissora: o bulevirtida, um novo antiviral, demonstrou suprimir a replicação do vírus da hepatite D em uma proporção significativa de pacientes tratados, variando de 50% a 67%.

Estudos realizados na América do Norte têm estimado que a prevalência da hepatite D em pessoas com HBV varia de 5% a 22%, mas a prevalência da hepatite D em pessoas coinfectadas com HIV e hepatite B ainda não está claramente estabelecida. Com o objetivo de obter uma imagem mais clara da prevalência da hepatite D em portadores do vírus da Aids na Europa, pesquisadores do estudo Swiss HIV Cohort e do EuroSIDA cohort study reuniram dados de pacientes com HIV que testaram positivo para o antígeno de superfície da hepatite B entre os anos de 1988 e 2019.

Os investigadores revisaram os resultados de testes anteriores de hepatite D e também fizeram testes em amostras de sangue armazenadas de pacientes que não haviam sido testados previamente. Eles calcularam a prevalência da hepatite D de acordo com a categoria de exposição ao HIV e a região europeia em que os pacientes estavam localizados. Além disso, foram calculados os riscos relativos de morte e morte relacionada ao fígado em pessoas com hepatite D em comparação com aquelas com HBV e HIV.

Nas duas coortes, 2.793 pessoas que vivem com Aids foram diagnosticadas com infecção crônica de hepatite B, resultado indicado pela presença do antígeno de superfície desse vírus. Em relação ao status de hepatite D, a quantidade total foi de 1.556 pessoas, o que representa 56% das pessoas com hepatite B.

De acordo com as análises, 15% das pessoas coinfectadas com hepatite B e HIV também testaram positivo para anticorpos contra hepatite D, taxa similar nas coortes de HIV da EuroSIDA e Suíça. Contudo, na população que contraiu o HIV por meio do uso de drogas injetáveis, metade das que também tinham o tipo B apresentavam coinfecção com hepatite D, e essa taxa de coinfecção foi similar nas regiões do noroeste, sul e leste da Europa.

No sul da Europa, essa taxa foi superior, atingindo 8%, em relação a outras regiões que apresentaram taxas de 3-4%, o que está em consonância com a prevalência de hepatite D na população em geral. Cerca de 65% das pessoas com anticorpos contra o tipo delta apresentavam replicação ativa do vírus, indicando a necessidade de tratamento. Essa proporção foi similar entre as categorias de exposição ao HIV.

Pessoas com hepatite D tinham probabilidade aumentada de apresentar anticorpos contra hepatite C (75% vs 24%), níveis mais elevados de enzimas hepáticas (ALT) (50 vs 32 UI/ml) e níveis mais baixos de plaquetas (indicando maior risco de trombocitopenia, uma complicação da doença hepática avançada).

Durante um período médio de acompanhamento de 10,8 anos, os resultados mostraram que pessoas com hepatite D tiveram uma probabilidade significativamente maior de morte (34% vs 20%, p < 0,001) em comparação com o restante da coorte. A causa de morte foi mais provável de estar relacionada ao fígado (41% vs 17%). Além disso, as pessoas com hepatite D desenvolveram câncer de fígado com mais frequência (5,8% vs 1,6%). A análise multivariada revelou que a replicação ativa do vírus delta foi associada a um risco aumentado de morte durante o acompanhamento (taxa de risco ajustada de 1,8), morte relacionada ao fígado (aHR 3,1) e carcinoma hepatocelular (aHR 8,3).

Ainda que existam tratamentos disponíveis para a delta, eles são menos eficazes em comparação aos tratamentos antivirais para as duas hepatites, bem como à prevenção da infecção por hepatite B com a vacinação. Portanto, essa pesquisa também demonstrou a necessidade de manter medidas rigorosas de redução de danos, o que inclui programas de agulhas e seringas como parte integrante da estratégia de controle dessas infecções.

Texto adaptado do artigo “Hepatite delta é muito comum em pessoas que injetam drogas e vivem com HIV e hepatite B, destaca Aidsmap”, publicado na Agência de Notícias Aids. Disponível em:
https://agenciaaids.com.br/noticia/hepatite-delta-e-muito-comum-em-pessoas-que-injetam-drogas-e-vivem-com-hiv-e-hepatite-b-destaca-aidsmap/

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