O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), em parceria com investigadores de 19 países – como Estados Unidos, Espanha, México e Reino Unido – participou do estudo que avaliou casos de monkeypox em pessoas com infecção avançada por HIV. Publicado na revista científica The Lancet e apresentado na 30a Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (Croi 2023), o estudo reuniu dados de casos confirmados do vírus entre maio de 2022 e janeiro de 2023.
O estudo intitulado "Mpox in people with advanced HIV infection: a global case series" coletou dados de 382 casos, dos quais 349 (91%) foram registrados em indivíduos vivendo com HIV. No total, 107 pacientes (28%) necessitaram de hospitalização e ocorreram 27 óbitos (25%), todos em pacientes com imunodepressão avançada como consequência do HIV. Uma forma grave de monkeypox foi descrita, tendo como características lesões cutâneas e mucosas necrotizantes, além de manifestações dermatológicas e sistêmicas fulminantes em pacientes com contagens de linfócitos T CD4+ abaixo de 200 células/mm3.
Também foi observada a evolução fatal de pacientes com suspeita de deterioração clínica em decorrência da síndrome de reconstituição imune (SIRI). Isto porque, de um total de 85 pacientes que iniciaram ou reiniciaram o tratamento com antirretrovirais, levantou-se a suspeita de que 25% dos casos podem ter ocorrido devido à condição. Para os autores do estudo, é imprescindível que essas formas graves de monkeypox sejam incluídas como uma nova condição que define a AIDS nas classificações de doenças relacionadas ao HIV pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As conclusões apontaram para a importância de se considerar indivíduos com HIV e alto risco de infecção por monkeypox como público prioritário para a vacinação preventiva. Diante do fato de que dois terços das mortes registradas aconteceram na América Latina, tais descobertas se tornam muito relevantes para os países que apresentam baixos índices de diagnóstico de HIV ou possuem acesso limitado a tratamentos antirretrovirais gratuitos ou a unidades de terapia intensiva, onde é mais recorrente a interação entre a infecção por HIV descontrolada e a monkeypox.
Texto adaptado de matéria “Estudo analisa evolução da monkeypox em pessoas com HIV”, publicada na Agência Fiocruz de Notícias. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/estudo-analisa-evolucao-da-monkeypox-em-pessoas-com-hiv
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